Fomos convidados do «MEDIACON: Informação sem Muros» e sentimo-nos em casa

July 20, 2024

O nosso projeto «MUROS: Imaginamos a Eurorregião Alentejo, Algarve e Andaluzia» foi convidado pelo Instituto Goethe Portugal para participar no I Encontro «MEDIACON: Informação Sem Muros». Foi uma oportunidade fazer parte desta iniciativa pioneira programada por várias redações, ao nível nacional, de projetos jornalísticos independentes e alternativos ao sistema mainstream. Foi-nos dada a oportunidade de apresentar ao que vimos e porque vimos através de um dia de «montra» de projetos, espaço que muito nos lisonjeou e agradecemos. Foi riquíssima a partilha feita por todos os amantes e fazedores de jornalismo que lutam por um papel de informação onde a profundidade dos temas e a proximidade com as comunidades sejam as premissas mais importantes. Sei que visto de fora, não se tratou de um espaço consensual. Nem teria de ser. Aliás, ainda bem que não é. Mas houve muitas mágoas que neste encontro vieram ao de cima e que serviram de cola entre todos os que se sentiram próximos. Falta tempo para produzir a informação que é realmente importante e que diz respeito às pessoas e suas comunidades, faltam histórias de vida e a sua profundidade, falta isenção e boas práticas. Desde logo práticas livres, que é a rainha de todas elas. Muitos órgãos de comunicação social estão reféns da ditadura financeira da empresa que as gere e as instrumentaliza. Assim continua em relação ao poder político. Na informação de massas não se promovem as soluções e o imaginário, mas sim dilata-se o espaço dos muros e das dificuldades que constroem a ansiedade e a confusão e que nos assusta. Ou seja, o acesso a um sistema da saúde jornalística é cada vez mais uma miragem, sendo que tudo indica que a mudança não poderá surgir de um espaço que não seja lugar de prova real de fraturas expostas e de repulsa por aquilo que é «não jornalismo», «não informação» e «não vontade de transformar o nosso mundo num lugar melhor. Mais instruído e mais consciente». Ou seja, tem de surgir de quem é profissional e não compactua com o lado errado da história.

Para chegarmos a algo que seja sério e livre de amarras é preciso encarar e enfrentar os muros que se erguerão e teimarão em aumentar na sua dimensão. São muitos, sempre foram e serão nas suas mais atuais versões. Os muros na informação estão aí para durar e têm conseguido fazer uma escola. São muros disfarçados, habilmente, com as vestes de verdade, de inclusão, de realidade. Mas tão distante de tão importantes princípios. Com o «MEDIACON: Informação sem MUROS» foi possível perceber que há um manacial humano em Portugal, e de mãos dadas com parceiros jornalísticos internacionais, que está disponível para ajudar a mudar o rumo da informação. Fazer diferente tão somente indo aos temas estruturantes ao nível micro que depois é macro e que reflete a vida das pessoas que ocupam o seu espaço. Reforçar a noção de que as notícias nunca são de pequena dimensão quando nos revelam os factos da dimensão humana. Ter a capacidade de ter tempo para contar a verdade mais verdadeira que se lhe pareça enquanto profissional que aprendeu sobre a técnica de fazer informação. Escolher os seus públicos-alvo e ter amor por eles. Saber que eles esperam de si o melhor para continuarem a jornada de cidadãos e cidadãs. Não intoxicar para depois cegar. Mas sim colaborar na elucidação e no instigar ao livre-arbítrio consciente que é também parte una de um coletivo. A verdade ou o espaço em que ela singra não tem tom agudo ou grave. É translúcida como a água. E alimenta-nos, primordialmente.

Deixamos aqui a informação oficial do que foi o MEDIACON porque o que atrás escrevemos é apenas a nossa visão tão individual de um espaço que nos uniu em diálogos constantes.


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