Foi dito, repetidamente, que a educação não-formal sobre Política é o caminho mais acertado para combater as ameaças à Democracia. A afirmação é da população jovem que quer a sua voz mais ouvida e tida em linha de conta. O eco destas ideias teve tempo e espaço num Encontro transfronteiriço que teve lugar, recentemente, em Vila Viçosa, no Alentejo.
Nas «Jornadas da Juventude 2023: Democracia, Valores e Eleições Europeias», que aconteceu a 27 e 28 de Outubro em Vila Viçosa, Alentejo, não restaram dúvidas quanto à clarividência que têm os mais novos. Sentem o peso da responsabilidade por terem de enfrentar um futuro sem grande esperança, face aos muros entretanto erguidos por outrém, e sabem que herdarão as consequências das más políticas colocadas em prática ao longo dos tempos. Jovens que consideram que a educação sobre a atividade nobre de fazer política [longe das questões meramente partidárias] é muito “deficiente” e que deveria ser aplicada a um modelo não-formal. E não é difícil entender a apreensão da juventude numa altura em que Espanha e Portugal, nomeadamente, enfrentam encruzilhadas políticas; sem esquecer as guerras que se acumulam no globo terreste e todas a insegurança que esse facto representa para a humanidade.
Durante a apresentação de trabalhos conjuntos, os jovens tiveram oportunidade de começar por elencar aquilo que consideram que são as ameaças atuais à Democracia. Guerra, imigração ilegal, crises financeiras, sociais, climáticas, políticas, desigualdade entre o Norte e o Sul da União Europeia, desinformação, entre outras. O populismo, os regimes totalitários “são ameaças a que os jovens também se mostram atentos”, declararam enfaticamente, e por isso querem não só ter mais espaço na vida democrática como querem que a sua voz seja escutada e validada por quem está em lugares de poder.
No que diz respeito à importância da sua participação, consideraram, ainda, que encontros como o que aconteceu em Vila Viçosa são muito importantes para aumentar o conhecimento e envolvimento da juventude nas questões comuns das sociedades a que pertencem em plena União Europeia. Se por um lado há quem já tenha alguma experiência no meio do associativismo ou ativismo, outras e outros há que despertam nestes momentos nevrálgicos para uma maior consciência coletiva. Apesar de, no que diz respeito às boas práticas, terem sido realçadas iniciativas europeias de voluntariado, mobilidade, cooperação associativa, durante o espaço para as conclusões finais apresentadas ao auditório, foi realçado que é necessário maior formação sobre o projeto da União Europeia, bem como os participantes gostariam de ter mais incentivos à mobilidade. Será que os incentivos à mobilidade pela União Europeia chegam a quem deveria? E da forma mais democratizada e acessível possível? Este é um tema que não parece estar claro para a juventude que preencheu o Encontro Transfronteiriço que juntou três regiões e dois países. Contudo, todas as entidades organizadoras demonstraram uma abertura total para redobrar o esforço para que a informação chegue ao maior número de pessoas.
A importância de votar nas Eleições Europeias
Um dos tópicos de trabalho destes grupos, ao longo das 24 horas intensas em que decorreu o Encontro, foi o das Eleições Europeias. Ficou bem evidenciado que votar nestas eleições “é importante para termos um Parlamento Europeu com maior diversidade e representatividade”. Recorde-se que as próximas eleições europeias vão acontecer entre 6 e 9 de Junho de 2024, tendo sido sempre os jovens os maiores protagonistas da abstenção em toda a União. O objetivo de Encontros desta natureza é que crie uma maior noção de envolvimento e participação dos jovens em momentos de decisão como o são as eleições europeias.
O Encontro mobilizou jovens, mas também empresários [o nosso projeto MUROS participou enquanto projeto de empreendedorismo social na Eurorregião AAA] e políticos. O encerramento contou com a presença de Representações Permanentes da União Europeia em Espanha e Portugal, tendo sido o caso do Parlamento Europeu e a Comissão Europeia.
Sofia Moreira de Sousa, a Representante da Comissão Europeia em Portugal, realçou a importância da mobilidade europeia para a abertura de horizontes, lembrando que é “juntos que conseguimos pensar o mundo e encontrar soluções” e apelou que a mensagem sobre “o que é isto da Europa e o que nós podemos fazer pelo nosso futuro” seja partilhada entre a juventude, os seus pares, amigos e família.
É de referir que neste encontro transfronteiriço houve lugar para a reflexão, debate e apresentação de trabalhos, visitas guiadas, sem esquecer a recepção por parte do presidente da câmara municipal de Vila Viçosa que destacou a importância da juventude como faixa da sociedade com capacidade para a mudança e inovação.
A organização esteve a cargo de várias entidades: Conselho Andaluz do Movimento Europeu (CAME), os Europe Direct Huelva, Algarve e Alentejo Central e Litoral, tendo o Município de Vila Viçosa se juntado como organização nesta edição de 2023. Já o financiamento esteve a cargo do «Servicio de Acción Exterior de la Consejería de la Presidencia de la Junta de Andalucia».
Leia abaixo exemplo de um autêntico «manifesto» em modo de cartaz com os quatro pontos trabalhados por participantes do Alentejo, do Algarve e da Andaluzia:
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