Conheça o programa de uma ponta a outra do Algarve para a «Semana da Interculturalidade»

Abril 2, 2024

Na próxima segunda-feira, dia 8, vai começar a nível nacional a Semana da Interculturalidade, que irá prolongar-se até 14 de Abril. Uma iniciativa da Rede Europeia Anti-Pobreza [EAPN] Portugal que terá lugar em Portugal continental e no arquipélago da Madeira, tal como noticiámos a semana passada aquiO nosso projeto é media partner a partir do núcleo distrital de Faro da EAPN Portugal e vai participar em algumas atividades para poder reportar online. Mas para já, e à luz da distância de seis dias do início do certame, vamos dar a conhecer as atividades que vão ter lugar no Algarve. É de referir que este programa contempla atividades transversais, ou seja, que acontecem ao longo de toda a semana, bem como tem atividades diárias que se vão alterando consoante a sua organização.

Para começar, em Lagos, no Centro Assistência Social Lucinda Anino dos Santos, vai ter lugar a «Exposição Pilar Europeu dos Direitos Sociais». De 8 a 12 de Abril, é uma organização do Núcleo Distrital Faro EAPN Portugal e do Centro Europe Direct Algarve. No IPDJ Faro, entre 8 e 14 de Abril vai acontecer o «Ciclo de Cinema sobre Interculturalidade», uma organização do Cineclube de Faro e IPDJ. Para quem vive nos concelhos de Portimão e Loulé há que estar atento às organizações epontâneas que vbão surgindo por aqui e que ainda não foram anunciadas, oficialmente, mas que decorrerão entre 8 e 12 de Abil.

Dia-a-dia vai-se construindo a «Semana da Interculturalidade» no Algarve

A 8 de Abril é possível ver em Olhão o vídeo «O amor na cultura cigana». Trata-se de uma organização da Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão – ACASO. Já em Vila Real de Santo António vai ter lugar uma sessão com  jovens e encarregados de educação no Agrupamento de Escolas D. José I intitulada « Singular do Plural: percursos alternativos», para comemorar o «Dia do Cigano».

No dia 9 de Abril os núcleos distritais de Beja e Faro da EAPN Portugal vão levar a cabo o webinar «Desafios às comunidades ciganas na Euro Região Baixo Alentejo, Algarve e Andaluzia». Contam nesta organização com a parceria da Fundación Secretariado Gitano. Vai acontecer na plataforma Zoom entre as 10h00 às 12h30. No mesmo dia vai haver lugar para, através da técnica de crochet, revestir o espaço exterior do Centro Comunitário em Olhão. Trata-se de uma organização ACAS@RTE — envolver a comunidade e da Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão — ACASO.

A 10 de Abril, na zona do Baixo Guadiana, vai haver espaço para o visionamento do documentário «Portugal é que
me escolheu», seguido de tertúlia. É uma organização Núcleo Distrital de Faro EAPN Portugal e da Associação Odiana. Às 14h em Castro Marim e às 16h em Alcoutim. Loulé, pelas 19h, vai receber o world café «O acesso aos serviços básicos na comunidade imigrante». Uma organização Município de Loulé, Associação Poeta Aleixo, Incubadora CASULO e Núcleo Distrital de Faro EAPN Portugal.

Já a 11 de Abril, Faro vai ser palco do workshop «Interculturalidade» numa organização da ATREVO – Associação para o Desenvolvimento Pessoal e Comunitário. Terá lugar na Escola Superior de Educação e Comunicação da Universidade do Algarve a partir das 19h.

Mais à noite, pelas 21h30, o IPDJ de Faro vai receber a projeção do filme «O vento assobiando nas gruas», de Jeanne Waltz. Uma longa metragem baseada no romance homónimo da escritora multipremiada Lídia Jorge.

O dia 12 de Abril será a data para uma sessão de sensibilização em Faro sobre refugiados numa organização do Núcleo Distrital de Faro EAPN Portugal e acontecerá nas escolas do concelho de Albufeira a partir das 10h da manhã.

Ao final do dia acontecerá o «Debate sobre o acesso à habitação»  numa organização do Núcleo Distrital de Faro EAPN Portugal e do Centro Europe Direct Algarve. Vai ter lugar às 18h. É de referir que ao longo do dia, a ACASO – Associação Cultural e de Apoio Social de Olhão – vai levar a cabo o projeto «Somos @rte — Dança Cultural (Cigana)».

No Algarve a última atividade desta intensa «Semana da Interculturalidade» vai acontecer a 13 de Abril, em Faro. Será a atuação do Grupo de danças venezuelanas «Araguaney», numa organização Associação Social e Cultural da Tôr. Acontecerá ao longo do dia na Fundação António Aleixo, em Loulé.

Qual a importância de se realizar uma «Semana da Interculturalidade»?

Recorde-se que a EAPN Portugal tem como papel principal influenciar as políticas públicas no combate à pobreza e inclusão de comunidades migrantes e comunidades ciganas a residir em Portugal. De acordo com Maria José Vicente, diretora-executiva da entidade, este certame, que em 2024 celebra 10 anos, funciona como  mais um importante espaço de diálogo entre todas as culturas presentes no país. O objetivo é desconstruir estereótipos e preconceitos que adensam a pobreza e exclusão social, numa fase em que a desinformação promove barreiras perante os fluxos migratórios que crescem em Portugal. No total são mais de entidades públicas e privadas que se juntam em prol deste objetivo ao longo de uma semana.

Segundo dados oficiais, cerca de 37,7% da população estrangeira reside em alojamentos sobrelotados, sendo que as tendas e barracas estão a aumentar no Alentejo e é no Algarve que existe a maior taxa de sobrelotação das casas. Ora, muitas das pessoas vulneráveis que vivem estas condições são imigrantes. É no Algarve, a par da Área Metropolitana de Lisboa,  que se concentra a maioria da comunidade estrangeira em proporção da população residente.

Portugal tem cerca de meio milhão de pessoas de nacionalidade estrangeira

De acordo com os Censos de 2021, estão em Portugal 542 165 pessoas de nacionalidade estrangeira, representando 5,2% do total da população residente. A população de nacionalidade brasileira era a mais representativa, totalizando 36,9% do total de estrangeiros. Na última década, alterou-se ligeiramente o grupo das nacionalidades mais representativas, com o reforço dos nacionais de países asiáticos e da União Europeia e o decréscimo da representatividade das nacionalidades dos PALOP.  A Área Metropolitana de Lisboa e o Algarve concentravam a maioria da comunidade estrangeira em proporção da população aí residente. Os estrangeiros residentes no país eram maioritariamente mulheres (51,0%). A idade média da população estrangeira era de 37,3 anos, valor mais baixo que o obtido para a população de nacionalidade portuguesa. O ensino secundário/pós-secundário era o nível de escolaridade mais representativo na população estrangeira (39,6%). Mais de  68% da população de nacionalidade estrangeira  (dos 15 aos 64 anos)  era economicamente ativa e 60,5% encontrava-se empregada. O trabalho constituía a principal fonte de rendimento da população estrangeira, sendo “trabalhador da limpeza” a profissão mais representada. O Comércio era a atividade económica que empregava mais população estrangeira. A proporção de estrangeiros a exercer a profissão como empregador/patrão era de 14,3%, valor superior ao da população portuguesa. A proporção de população estrangeira que vivia em estruturas familiares do tipo agregado com um núcleo familiar de casal com filhos era de 41,7%, sendo este o enquadramento familiar mais representado. De acordo com os Censos 2021, 44,5% da população estrangeira vivia em núcleos familiares com 1 filho e 38,3% em núcleos com 2 filhos. A maioria da população estrangeira residente em Portugal habitava em alojamentos arrendados (58,0%). Cerca de 37,7% da população estrangeira residia em alojamentos sobrelotados.

Conheça a programação nacional aqui. Participe e contribua com o seu pensamento e ação em prol do combate à pobreza e à exclusão social.


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