Imaginar uma Eurorregião Alentejo, Algarve e Andaluzia que represente um futuro sustentável e à imagem de quem a ocupa, quer de um lado quer de outro do rio Guadiana, passará por uma comunidade multicultural, inclusiva, democraticamente participativa e com uma cidadania muito ativa. Existem diversos testemunhos cidadãos e exemplos de movimentos que nos inspiram e nos motivam a acreditar que é possível colher os frutos da árvore da participação. Dar a cara por uma causa não permite perfil falso, pelo contrário. São braços com as mangas arregaçadas num corpo onde a cabeça de cada um conta e faz a diferença. Onde a energia e o amor são multiplicadores e cativam de verdade.
Fotografias: Fábio Carreira
Temos a história da Avani e do Vladimir. Ela alentejana, da raia, ele ucraniano pelo mundo há muitos anos e apaixonado pelo Algarve onde se radicou há duas décadas. Protagonistas das suas vidas tiveram papeís não menos principais na luta contra a exploração de petróleo no Algarve. Fazem parte de um grupo de pessoas que compõem o «Tavira em Transição» – um Movimento comunitário de cidadania ativa, composto e facilitado por cidadãos voluntários que dedicam abnegadamente tempo e energia em prol e defesa dum presente e futuro melhor, mais ético, justo e sustentável. Confessam que a paixão pelo Algarve (que consideram um paraíso) os mobilizou numa atuação sem precedentes na região.
Quem não se lembra de ver as petrolíferas serem obrigadas a recuar perante as centenas de pessoas cheias de bravura e muito conhecimento sobre os impactos negativos do fracking que se opuseram à sua implantação em mar algarvio?! Assumir como também seus estes caminhos de oposição a poderes tão grandes e instalados “mexe emocionalmente”, mas o ganho maior vem daquela consciência que defende a ética, a justiça e a sustentabilidade. Assim foi para Avani, Vladi e todos os companheiros e companheiras de luta que fizeram da união a força.
Entretanto, a mais recente causa à qual se juntaram foi a manifestação e petição pública contra a destruição das «Alagoas Brancas». O objetivo é salvar esta zona húmida do concelho de Lagoa e impedir que no mesmo local seja construído um empreendimento comercial.
Escutar Avani e Vladimir (que são exemplo de todos aqueles que sentem que têm como missão transformar este mundo num lugar melhor) parece simples implicarmo-nos nestas lutas, quer seja pela proteção da mãe-natureza, pelo combate à fome, democratização do acesso a bens essenciais, entre outras. Quem sabe nos sirva de livro de instruções (e inspirações!) este seu testemunho de «viva voz». Oiçamos:
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