Jovens debateram o Pilar Social Europeu e a Participação Política. A grande maioria não sabia da existência da Eurorregião AAA

Outubro 25, 2022

Foi assinalável a união que se viveu nos dias 21 e 22 de Outubro onde jovens de Portugal (Alentejo e Algarve) e Espanha (Huelva) passaram 24 horas juntos numa cooperação transfronteiriça que para muitos se revelou “surpreendente” e um ponto de partida “muito importante para passarem a ver a União Europeia de uma forma mais positiva”. Evento foi grande oportunidade para apresentar a Eurorregião Alentejo, Algarve e Andaluzia (AAA). Enquadrada no Ano Europeu da Juventude (https://youth.europa.eu/year-of-youth_es) e na Eurorregião Alentejo-Algarve-Andaluzia (EuroAAA) «Andalusíadas-Juventude 2022» faz parte das atividades de dinamização da EuroAAA através do projeto «Gabinete de Iniciativas Transfronterizas Eurorregião Alentejo-Algarve- Andaluzia POST 2020», GIT EuroAAA, do Programa de Cooperação Transfronteiriça Interreg V-A Espanha-Portugal (POCTEP) 2014-2020. Para além  do Secretariado Geral para a Acção Externa, União Europeia e Cooperação do Ministério regional da Presidência, Interior, Diálogo Social e Simplificação Administrativa da Junta de Andalucía (Governo  regional da Andaluzia) e das Comissões  de Coordenação e Desenvolvimento Regionais do Alentejo  e  Algarve,  todas  elas  parceiras  do  projeto  GIT  EuroAAA,  é de destacar  a participação do Conselho Andaluz do Movimento Europeu nesta iniciativa, que tem promovido desde o início.  Os Europedirect  do  Alentejo,  Algarve,  Huelva  e  Sevilha  tiveram uma enorme  colaboração  nesta Andalusíadas Juventude 2022.

Cooperação transfronteiriça fortalecida num evento a pensar nos jovens

O ato institucional de abertura do Andalusíadas Jovens ficou marcado pelo sentimento de cooperação e pela alegria de colocar de pé um evento desta natureza. Disse, precisamente, María de la O Barroso, Directora de Secretariado de Redes Internacionales, que “ a Universidade Internacional da Andaluzia (UNIA) tem o prazer de ser a casa onde a Europa trabalha, reflete e cresce. Para a UNIA, a Europa é também uma porta e uma ponte com a Ibero-América e convida os jovens a refletir sobre o papel da UE para continuar o diálogo e a cooperação com os povos irmãos do continente americano”. Por seu lado, José Antonio Marquez, da Acción Exterior da Junta de Andalucía, frisou que “a Eurorregião AAA e a Junta de Andaluzia trabalham para aproveitar todas as oportunidades de crescimento e desenvolvimento oferecidas pelo trabalho conjunto das três regiões: Alentejo, Algarve, Andaluzia. O Gabinete de Iniciativas Transfronteiriças (GIT) está aberto à colaboração e consulta, os jovens são incentivados a interagir com ele e fazer uso de seus serviços”. Sem qualquer dúvida, Marycruz Arcos, Presidenta del CAME [Consejo Andaluz del Movimiento Europeo], frisou que “há necessidade de passar o bastão, para criar um grupo de pró-europeus. O projeto europeu não terá continuidade se não for cultivado desde a base, a juventude deve ter um papel ativo na Europa que queremos. Enquanto edil de Sanlúcar de Guadiana José María Pérez Díaz testemnhou que “Sanlúcar trabalha lado a lado com Alcoutim, a cidade portuguesa ligada pelo rio Guadiana. Os centros de ambas as localidades estão ligados por barco e em breve serão ligados por uma ponte internacional. Sanlúcar e Alcoutim trabalham na prática o Projeto Europeu: as autarquias dos dois municípios trabalham para o bem-estar dos cidadãos de ambas as margens, complementam-se. Ainda há ressentimentos e rivalidades alimentados por razões históricas ou experiências anteriores que vão sendo deixadas para trás passo a passo na construção de novos referenciais de troca positiva”. José Manuel Borrero, delegado territorial de inclusión social,  juventude, famílias e igualdade teve a seu cargo a contextualização sobre a  Eurorregião AAA e o Ano Europeu da Juventude”.

O Pilar Social e a participação política como motes para a discussão

De uma forma transversal nas duas sessões tanto o pilar social como a participação política foram motes que permitiram aos jovens responder a três grandes questões. Desde auscultar os mais novos sobre o que sabem sobre os benefícios da União Europeia, mas também sobre o que consideram que faz falta fazer neste grande projeto. A terceira questão pedia que os jovens pensassem sobre a sua quota-parte de responsabilidade no projeto europeu, nomeadamente, a partir da sua participação política e do modelo social existente. Mas, tanto em La Rabida como em Castro Marim houve todo um enquadramento feito por representantes de diversas entidades, quer da organização, bem como por entidades convidadas. No dia 21 de Outubro, Francisco Javier Calvo, catedrático na Universidade de Sevilha, levou a cabo uma conversa com os participantes sobre o pilar europeu dos direitos sociais. «O que é para vocês ser europeu?», desafiou, lembrando que existe um crescente fosso geracional que faz com que a União Europeia seja encarada de forma muito diferente. O professor lembrou quando viajar para outros países europeus era um «caos», sendo que hoje as possibilidades são tantas que os jovens de Sevilha podem até utilizar voos baratos para sair uma noite em Roma e regressar a Sevilha na manhã seguinte. Lembrou que os jovens de hoje dão como certo  a Europa, sem que em muitas circunstâncias e facilidades do dia-a-dia se apercebam de como essa realidade só existe porque estamos em plena União Europeia”. “Hoje em dia vamos todos da Espanha para Portugal, ou mesmo para a França ou Alemanha, sem notar nenhum tipo de fronteira física”, testemunhou, lembrando que para as pessoas da sua geração esse era um sonho de liberdade. “Em 2015, Jean-Claude Juncker, ex-presidente da Comissão Europeia, propôs a incorporação de um pilar social na UE. O projeto europeu não poderia continuar a responder exclusivamente à lógica de um estado liberal, ao intercâmbio comercial. A Europa deve ser também a Europa da Solidariedade. A Carta Europeia fala de direitos de liberdade, igualdade e solidariedade, esteve mesmo no germe da Revolução Francesa (Liberté, Égalité, Fraternité)”. Na sua comunicação o professor Francisco J. Calvo referiu, ainda, que “Jean-Claude Juncker incorporou este pilar social, para que a UE fosse algo mais do que o Estado de direito, que fosse também um Estado social: onde ninguém morre de fome, onde todos têm acesso à saúde, educação, etc.” Para Francisco J. Calvo, a UE nada mais é do que um estado confederado de nações cujo verdadeiro traço comum é a solidariedade e a “a solidariedade identifica-nos como europeus porque assim o escolhemos”, defendeu, lembrando que na EU “ninguém vai ficar sem acesso à saúde, ao estudo, ao progresso, à proteção social, porque na Europa ninguém é deixado para trás”.

A importância de se viver na fronteira e de construir redes

Após a saudação institucional e a palestra de abertura, Yolanda Macías Saúco, comunicadora, gestora de projetos europeus e cidadã transfronteiriça destacou algumas das ideias anteriormente recolhidas, bem como incorporou algumas reflexões pessoais. Nem tão jovem como os participantes nem tão sénior ou experiente como os oradores anteriores, Macías partilha a sua experiência quotidiana de viver na fronteira sul do Guadiana, onde precisamente o domínio do português como língua de trabalho, bem como o interesse e o conhecimento do país vizinho, foram pontos fortes que lhe permitiram desenvolver a sua carreira profissional como mediadora entre o contexto andaluz e lusófono (Portugal e PALOP). Com uma experiência focada, principalmente, no desenvolvimento local através da arte e da cultura, destaca o infinito leque de possibilidades que ainda existem a serem exploradas e as múltiplas ferramentas que a UE nos oferece para torná-las realidade (assessoria, financiamento, programas de intercâmbio…). A moderadora desta sessão de dia 21, incentivou os presentes a aproveitar essas sessões para tecer uma rede e construir relacionamentos que, sem dúvida, serão de grande benefício para eles pessoalmente, profissionalmente e como contribuição para suas comunidades.

Trabalhos de grupo em português e em espanhol

Tanto de um lado como de outro os grupos constituídos permitiram que o castelhano e o português fluísse e até desse origem, num primeiro momento, aos famosos «portulhol» e «espanholês» ou o recurso à universal língua inglesa. Ao longo de uma hora em cada dia os participantes debateram as três ideias-chave, cujas conclusões foram expostas em momentos seguintes a todos os presentes. No que diz respeito à identificação por parte dos participantes sobre os benefícios da União Europeia, bem como a opinião se as pessoas em geral sabem quais as competências da EU, os jovens responderam que tem sido importante o estímulo ao intercâmbio juvenil através do programa Erasmus +, sendo este de resto muito importante ao nível do pilar social pelas oportunidades que proporciona a milhares de jovens. De destacar o trabalho em prol da igualdade salarial entre homens e mulheres, o desenvolvimento dos transportes e a eliminação das fronteiras. O Euro como moeda única e a sua livre circulação esteve também em destaque. Efetivamente, os jovens consideram que muitos são aqueles que não têm conhecimento sobre a EU e até frisaram a desinformação em torno deste projeto comum. Facilitaria um aumento do conhecimento sobre a EU haver mais apoio e informação no que diz respeito aos programas de mobilidade, haver uma desburocratização dos processos no seio da EU, nomeadamente para estimular as empresas. É necessário regular a política migratória de modo que seja harmonizada entre todos os Estados-membros. É necessário também mais investimento em investigação, nomeadamente mais tecnologia, trabalho mais sustentável e desenvolvimento das zonas desfavorecidas. Os jovens mostraram-se comprometidos com as temáticas da EU, nomeadamente, em participar mais, desde logo, localmente. Apelaram a que haja mais locais de discussão como o Andalusíadas Jovens, bem como maior conexão com os jovens. Os jovens mostraram-se sensíveis em colaborar mais na consciencialização dos outros jovens.

A importância de divulgar o que a Europa faz por nós

O segundo dia do Andalusíadas 2022 teve lugar em Castro Marim, na biblioteca municipal. A vice-presidente da câmara municipal, Filomena Sintra, fez as honras da casa e lembrou “a importância da cooperação transfronteiriça e o que permitiu ao nível do desenvolvimento local”, referindo, desde logo, a criação da Eurocidade do Guadiana como um “projeto que teoricamente tem muito para contribuir para o desenvolvimento da ideia do que é ser eurocidadão”, testemunhando a própria que usufrui da proximidade com “o outro lado do rio e alguns serviços”. A autarca lembrou, ainda, a importância da capacidade de “conseguirmos comunicar e a língua não ser uma barreira” numa esfera territorial inserida numa Eurorregião. Margarita Domínguez Cordero, do Europe Direct Huelva frisou a importância da realização do Andalusíadas Jovem 2022 num trabalho contínuo de aproximação à população, “cumprindo os objetivos de informar sobre a Europa e trabalhando para uma cooperação transfronteiriça que é constituída por muitas entidades e reforçada ao longo dos anos por iniciativas que juntam os cidadãos, onde os mais jovens estão sempre em destaque”. Também Marycruz Arcos, Presidenta del CAME [Consejo Andaluz del Movimiento Europeo] e José Antonio Marquez, da Acción Exterior da Junta de Andalucía marcaram presença de novo no ato inaugural e reforçaram as suas ideias que trespassam a filosofia de que é importante sentirmos a cidadania europeia, desde o espaço geográfico em que se configuaram a Eurorregião AAA e a Eurocidade do Guadiana. Neste momento houve espaço para a projeção de dois vídeos dedicados a estas duas estruturas. Houve o cuidado da parte dos oradores em perceber junto dos jovens se tinham conhecimento da existência da Eurocidade do Guadiana e da Eurorregião AAA, sendo que foi notório o enorme desconhecimento, contrabalançado com a satisfação de terem tido a oportunidade de ficarem a conhecer das duas estruturas e as suas competências.

Um olhar holístico sobre a sociedade

Depois do painel inicial houve espaço para a moderadora Susana Helena de Sousa, com experiência em jornalismo de desenvolvimento local no Baixo Guadiana – sendo que a temática da cooperação transfronteiriça teve sempre grande peso no desenvolvimento do seu trabalho – bem como cidadã transfronteiriça, fazer uma reflexão focada nos grandes temas-base para contribuir na discussão dos trabalhos de grupo: participação política e Pilar Social Europeu. A moderadora, lembrando que o Andalusíadas Jovem 2022 surge em pleno Ano Europeu da Juvetude 2022 e já a pensar no Ano Europeu das Competências 2023, aludiu à recente experiência vivida com a Conferência Sobre o Futuro da Europa (CoFE), falando da sua importância, expressão e conclusões, nomeadamente os alertas deixados pelos cidadãos europeus em idade jovem. O segundo ponto da reflexão pretendeu sublinhar o Pilar Social da Europa como o centro das decisões para gerar equilíbrio entre os diversos Estados-membros, dando conta da sua metodologia, metas e calendário. E destacou a nível social um fenómeno que afeta os mais novos, ainda em grande escala: «Jovens NEET». São os milhares de jovens de que nem trabalham nem estudam e para os quais é preciso olhar com atenção de modo a perceber as causas e as consequência deste fenómeno, bem como sublinhou que é preciso perguntar tanto aos políticos como aos empresários quais as respostas para ajudar a minorar o problema e, por outro lado, que espaço têm estes responsáveis para os jovens que estão à procura de um emprego e de um espaço que lhes permita sonhar e fazer do seu trabalho a sua missão num compromisso com o mundo global. Cada vez são mais os jovens de causas, mas é preciso saber se há espaço para eles. Aos jovens Susana H. de Sousa apelou que olhassem para a sua participação no Andalusíadas Jovem 2022 de uma forma holística, ou seja, focada nas suas questões, mas sem esquecer as outras franjas etárias da sociedade, de modo a construírem o seu futuro de uma forma muito mais consciente do que querem e do que não querem.

Entusiasmo foi a palavra para os trabalhos que se seguiram

Os jovens seguiram para uma pausa onde puderam degustar iguarias locais e conviveram uma vez mais. Antes de iniciarem os trabalhos em grupo tiveram oportunidade de refrescar as conclusões do dia anterior através dos cartazes afixados. Neste segundo dia os jovens, nomeadamente, testemunharam que já se mostrava mais fácil partilhar ideias, evidenciando uma menor barreira linguística fruto da jornada que os uniu de uma forma genuína e intensa. A dinâmica dos grupos mostrou-se muito entusiasmada, sendo os grupos diferentes do dia anterior, o que permitiu, necessariamente, chegar-se a conclusões diferentes. As três questões permitiram reflexões muito diferentes e mostraram que estes grupos se sentiam privilegiados por poderem discutir os temas em causa. Muitos dos jovens que ouviram os seniores do seu grupo acompanharam as ideias passadas, nomeadamente do retrato que foi feito sobre a Europa e os jovens nos anos 90 e a evolução até aos dias de hoje. A mensagem que ficou clara é que hoje a Europa, apesar de longe, está mais próxima e que é preciso otimizar a relação entre os jovens e as instituições que a representam. Parte dessa aproximação também se deverá a uma atitude mais proativa dos jovens. No entanto, as estruturas locais, regionais e nacionais devem estar sensíveis aos jovens de modo a torná-los mais incluídos nas dinâmicas criadas.

Ideias fundamentais debatidas em sede de trabalho de grupo em Castro Marim 

«A União Europeia dá selo de qualidade a empresas que se constituam no seu seio», «os jovens não querem fixar-se só em países da União Europeia», «é determinante a comunicação que se faz sobre a Europa. É preciso, e muito, melhorar essa comunicação, tornando-a mais acessível aos jovens», «faz falta informação e intercâmbio entre as Universidades», «a aprendizagem dos idiomas devem ser estimuladas para uma melhor intercâmbio», «a EU deveria ter mais competências para colmatar os desequilíbrios sociais que existem entre os diferentes Estados-membros», «é preciso maior literácia sobre a EU também para combater o eurocepticismo», entre outras (ver lista abaixo). Depois dos trabalhos realizados foi altura para a preparação da apresentação das conclusões e pitch. Neste segundo dia foi dada voz a novos porta-vozes que apresentaram conclusões do próprio dia e do dia anterior. No total foram apresentadas conclusões e pitch de 14 grupos. Durante a preparação das conclusões foi pedido que os jovens dessem conta das suas grandes conclusões de grupo, mas que fizessem o exercício de não repetir as ideias que iam sendo dadas pelos colegas que antecediam cada contribuição. Não sendo um exercício fácil demonstrou bem a capacidade de generosidade de cada um em dar mais inputs a cada ideia de modo a ampliar o leque do pensamento comum. Assim, e quanto à questão sobre os benefícios e conhecimento sobre a União Europeia passaram as seguintes ideias: UE trouxe Paz e segurança à Europa, maior tolerância cultural e maior oportunidades aos jovens, mas também que é preciso aproximar a EU dos cidadãos, maior execução de políticas anunciadas, maior acessibilidade à EU, maior trabalho em torno das alterações climáticas, inserção social e saúde mental, desburocratização da EU, maior medição e divulgação do sucesso de execução dos fundos europeus. Mais uma vez foi realçada a necessidade dos jovens serem mais proativos, terem a noção do privilégio que é participar em dinâmicas como a «Andalusíadas Jovens 2022», ler mais e estar mais informados para combaterem a desinformação, entre outras (ver lista abaixo). O momento de Pitch de um minuto onde os jovens deram a sua visão foi intenso e tentou resumir todas as conclusões plasmadas nos cartazes de cada grupo. Este momento foi muito importante porque os jovens puderam trabalhar a sua capacidade de síntese e de comunicação em público. O sentimento de orgulho por representar um grupo era notório, sobretudo num segundo dia onde muitas emoções estavam já compiladas em cada um.

Nota Positiva para entusiasmo e empenho dos jovens e boa saúde da cooperação transfronteiriça institucional. Nota negativa para pouca participação dos políticos e empresários

O balanço do segundo dia ficou em sede do relatório feito por Susana H. de Sousa. Esse balanço é bastante “positivo porque houve uma enorme disponibilidade dos jovens em participar e debater. Conseguiu-se colocar os jovens a dar os seus pontos de vista em nome de grupos para uma plateia atenta. Sendo o segundo dia foi interessante ver como já estavam muito enturmados e a barreira linguística quase ultrapassada por completo. Há sem dúvida uma grande vontade dos jovens em participar e dar o seu contributo para o melhor desenvolvimento da União Europeia, mesmo aqueles jovens que não estão tão familiarizados com o tema da União Europeia. Se havia uns jovens que demonstravam ter mais conhecimento outros houve que não tinham qualquer pejo em assumir que pouco sabiam, mas que, em contrapartida, tinham muito para aprender”. A moderadora fez questão de sublinhar que “a organização que mistura dois países não denunciou qualquer dificuldade de entendimento, apesar de dois idiomas e de duas culturas diferentes. É um sintoma de que a cooperação transfronteiriça está de boa saúde e recomenda-se”. Como nota menos positiva Susana H. de Sousa deixou a seguinte reflexão: “ Se este era um evento para juntar os jovens e coloca-los «cara-a-cara» com os políticos e empresários em grupos de trabalho numa proximidade privilegiada é de lamentar a pouca adesão dos políticos e empresários a este bom movimento. É necessário que no próximo ano a adesão dos seniores seja bem maior num sinal claro de que querem, efetivamente ouvir e debater com os jovens. Caso contrário, de nada vale falar na importância da participação política…”.

O feedback dado pelos jovens é muito positivo

No rescaldo do evento foram várias as mensagens enviadas pelos jovens à organização, sendo que todas demonstraram a sua satisfação por participar no evento, bem como o Andalusíadas Jovem 2022 foi um ponto de viragem na sua posição enquanto jovem na União Europeia. Transcrevemos algumas das mensagens recebidas:

  • «Ah! Adorei, era este tipo de contacto multicultural que precisava para confirmar aquilo que é o projeto europeu – a partilha de experiências e conhecimentos entre países membros!»
  • « Esta experiência foi uma surpresa, penso que seja a palavra certa para a descrever. Não tinha muitas expectativas por, sinceramente, também não ter muita noção para aquilo que ia. As dinâmicas foram incríveis, criaram-se ligações inesperadas, aprendi novas perspectivas e opiniões, foi incrível… Muito obrigada pela oportunidade, vim de coração cheio!»
  • «Foi uma experiência muitíssimo enriquecedora, permitiu-me ampliar os meus horizontes, aprofundar e adquirir novos conhecimentos cruciais. E, certamente vou envolver-me mais nestas ações.»
  • «Muito obrigada pela oportunidade de participar neste momento único!»
  • «Para a próxima podíamos usar também um modelo tipo orçamento participativo . Cada um elaborava uma proposta as propostas mais votadas seguiam para os deputados portugueses no PE»
  • «Gostei da dinâmica dos projetos, de conviver com alguns dos espanhóis, embora não fale muito, é sempre uma experiencia nova, estou sempre a aprender»
  • «Gostei bastante. Mas percebo muito de política.»

 

Lista das grandes conclusões dos jovens no Andalusíadas Jovens 2022:

Questão 1: a) Tendo em conta o que conhece no seu ambiente, identifique o que a UE faz que o beneficia ou é interessante.

– Bolsa Erasmus, Promoção da igualdade salarial entre homens e mulheres. Transporte. Eliminação das fronteiras internas, Moeda única e livre circulação. A União Europeia como mediadora, por exemplo, no conflito na Rússia e na Ucrânia, Existem muitos programas como o Erasmus. Fronteiras internas abertas, Os Fundos e especialmente programas como o Erasmus trabalham para o projeto social europeu. A Eurocidade, bolsas e oportunidades de intercâmbio. A União Europeia somos todos nós. Entendemos que todos fazemos parte da EU Programa Discover EU, Atribuição de fundos europeus, Direitos e liberdades, saúde, educação, segurança, mobilidade,  Multiculturalidade, Difusão cultural, Melhoria nas regras para uma educação mais inclusiva e igualitária, Maior igualdade entre os cidadãos, Política mais uniformizada, Uniformização de valores, Criação de projetos sustentáveis, Aumento do número de infraestruturas importantes, Formação juvenil.

b) Acha que as pessoas em geral sabem o que a UE faz?

– Desconhecimento geral sobre a EU. Não se sabe o suficiente sobre o trabalho que ele faz.Há ignorância e desinformação sobre o trabalho da EU.

 Questão 2: Do que sente falta? O que gostaria que a UE fizesse?

– Mais apoio e conscientização durante o processo de bolsa. Falta de acompanhamento durante o processo. Promoção dos valores da UE: liberdade, solidariedade, igualdade, democracia. Mais participação (por exemplo, eleições europeias). Mais programas de mobilidade como o Erasmus. Há muita burocracia. Regulação social harmonizada, especialmente na política de migração. Há burocracia excessiva. Os procedimentos precisam ser simplificados, especialmente para o desenvolvimento de negócios. Investimento em Pesquisa: mais tecnologia, trabalho sustentável, desenvolvimento de áreas desfavorecidas. É preciso incluir as minorias na sociedade para se sentirem cidadãos de plenos direitos

Mais comunicação com os jovens. Dar mais espaço aos jovens para lutar por causas em que acreditam que podem fazer a diferença: Alterações climáticas, saúde mental, habitação jovem. Mais participação cívicas aos diversos níveis. Informar mais sobre o projeto europeu. Unificação e fortalecimento da relação entre os 27 Estados-membros. Maior integração de emigrantes. Mais competências da EU. Mais educação e consciencialização sobre EU. Maior sentimento de proximidade e pertença ao projeto europeu

Mais aplicação dos objetivos da EU. Maior controlo das empresas que beneficiam dos apoios comunitários

Aumentar o conhecimento sobre os benefícios da EU. Aumentar o número de programas de mobilidade que pensem nos jovens europeus mais carenciados. Criar um programa que ajudasse a minimizar o eurocepticismo (através da informação nas escolas). Desburocratizar a EU. Fomentar a cultura

Criar uma tabela de avaliação das capacidades económicas dos cidadãos europeus (adaptar as políticas aos seus cidadãos). Mais programas para promover o intercâmbio nos cursos técnico-profissionais do secundário. Melhorar a política agrária e modernizar a agricultura. Harmonizar políticas de emprego, nomeadamente, que promovam o bem-estar. Incluir os jovens em mais atividades, sem esquecer os menores de idade. Melhorar o acesso à Universidade.

Questão 3: O que poderias fazer pelo projeto europeu do ponto de vista da participação política e do modelo social?

– Participar na política mais localmente. Agir. Tornar-se embaixadores da UE para que haja uma maior sensibilização. É necessário promover mais espaços como este. Promover os valores da UE na vida quotidiana. Podemos ser um agente de mudança social através do boca a boca, principalmente através das redes sociais. Promover ainda mais os valores da solidariedade em nossa vida cotidiana e local. Há mais necessidade de conexão com os jovens. Interessar-se mais pelo que a UE faz. Comece pequenas ações. Colaborar na consciencialização sobre a União Europeia. Lutarem por ter mais voz e ganharem vontade de votar nas eleições europeias. Lutarem por haver mais incentivos económicos a jovens políticos

Difundir mais as diferentes culturas da EU. Maior conhecimento das diferentes culturas da EU

Conhecer e refletir sobre os valores da EU. Pequenas ações solidárias. Maior envolvimento com instituições, desde logo locais. Participarem em mais intercâmbios. Lutar por melhorar os contratos dos trabalhadores estrangeiros. Lutar por um maior respeito pela diferença de opiniões e por aqueles que não são europeístas. Maior conexão entre os jovens europeus, começando, desde logo, pelos vizinhos

Atitude proactiva na pesquisa de informação importante ao nível da EU ao invés de esperar que as oportunidades apareçam. Participar em atividades locais ao invés de nos focarmos sempre nos programas internacionais. Participar mais em projetos de mobilidade europeia. Participar mais em espaços de diálogos e atividades como o «Andalusíadas 2022».


Deixe um comentário