Jovens queixam-se sobre os «muros intransponíveis» que os afastam da participação

Março 18, 2024

Enquanto, por um lado, temos jovens que afirmam não querer saber da política em qualquer que seja a sua dimensão, outros há que querem muito ser implicados, desde logo numa vida em comunidade, mas que consideram que o sistema é regido por normas e métodos que mais representam muros intransponíveis do que uma verdadeira democratização no acesso a lugares de participação. Talvez esta «frustração» das novas gerações explique parte do fenómeno social da abstenção juvenil no sistema eleitoral. Para tentar perceber melhor o fenómeno e tentar contribuir para a mudança dos números elevados da abstenção juvenil nas eleições europeias, o Algarve está a ser palco de uma iniciativa que se chama «UNIDOS PELA DEMOCRACIA». O ciclo acontece através de vários encontros subordinados a temas centrais e que importam a todos os algarvios, em especial os mais jovens. Em pano de fundo estão sempre as prioridade traçadas pela União Europeia (UE) para o período 2019-2024 e que são: «O Pacto Ecológico Europeu», «Uma Europa preparada para a era digital», «Uma economia ao serviço das pessoas», «Uma Europa mais forte no mundo», «Promoção do nosso modo de vida europeu» e «Um novo impulso para a democracia europeia».

A primeira sessão do «UNIDOS PELA DEMOCRACIA» – organizado pelo Europe Direct Algarve e pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, contando com o apoio da Comissão Europeia – teve lugar em Vila Real de Santo António, no espaço da cooperativa de educação e formação «Akivida». O tema central foi «Transportes». Um momento de arranque importante na medida em que foi possível não apenas discutir o tema, ou seja, o pretexto do encontro, mas também avaliar porque é que tantos jovens não vão às urnas na hora de votar. Podemos muitas vezes estar a falar de jovens frustrados pelo facto de sentirem que não são «nem tidos nem achados» durante o processo de desenho de políticas públicas, bem como são jovens que quando tentam perceber melhor como é que o sistema funciona deparam-se com administrações públicas que utilizam uma comunicação cifrada e nada «amiga dos jovens».

Sessão decorreu no átrio da cooperatia Akivida e contou com uma boa adesão de pessoas de todas as idades

A sessão em Vila Real de Santo António contou com um público muito interessado e eclético, sendo que cerca de 50% eram jovens e puderam testemunhar em primeira mão como encaram a sua posição na sociedade. Foram unânimes quando falaram de «discuros políticos desfasados dos seus interesses», «ferramentas de participação muito pouco atrativas», «procedimentos extraordinariamente burocráticos e dissuadores». Todas estas queixas coincidem com aqueles que são dados recolhidos pelo investigador Nuno Almeida, da Universidade do Algarve. Este psicólogo tem-se dedicado a estudar as razões da abstenção eleitoral jovem no âmbito do comportamento e explica que só é possível mudar métodos e ferramentas em prol de maior participação se forem tidos em conta todos os constrangimentos identificados pelos próprios jovens. Ou seja, não basta flexibilizar, mas saber qual o estado da arte da (des) motivação jovem para a participação ativa na sociedade, nomedamente no momento de fazer uso do direito ao voto. Falamos de expectativas e de realidade muitas vezes de costas voltadas. “É fundamental garantir a acessibilidade e a eficiência do processo eleitoral, eliminado barreias físicas e burocráticas que possam desmotivar a participação popular”, alerta o investigador, sublinhando que “ainda que possamos acreditar que a abstenção eleitoral é um comportamento de indecisão, esta é na verdade uma decisão de firmar uma posição. A decisão de não votar”.

O fenómeno social da abstenção não é exclusivo de Portugal, pelo contrário, é uma tendência europeia. Nuno Almeida, assistente convidado do Departamento de Psicologia e Ciências da Educação da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade do Algarve, lembra mesmo que “a crescente abstenção eleitoral entre os jovens tem se ainda destacado como um desafio mais significativo para a democracia moderna”. Em Portugal, entre 1975 e 2022 a abstenção subiu mais de 40%.

São vários os estudos em curso e sob a coordenação daquele investigador com vista a tentar perceber as razões para a abstenção eleitoral jovem. Os resultados preliminares coordenados contam com uma amostra de mais de 600 participantes, e revelam que “os jovens universitários manifestam sentimentos de descontentamento e de protesto quando inquiridos a falar sobre abstenção eleitoral”. Acrescentando que nesta fase de desenvolvimento dos trabalhos, os resultados levam “a acreditar que por experiências passadas menos gratificantes – promessas eleitorais não cumpridas e a perceção de falta de representatividade das suas questões e anseios – os jovens manifestam-se afastados (deliberadamente) do processo eleitoral”. Num segundo nível de analise, verificam-se “também questões de associadas à inacessibilidade e indisponibilidade para ir às urnas”.

Ainda assim, não se trata de um fenómeno irreversível, mas há que suprimir um conjunto de muros que se afiguram intransponíveis para os jovens. “Movimentos contra as alterações climáticas e defesa do ambiente parecem ser temas que interessam conscientemente a esta população que se mobiliza através de algumas organizações na sociedade civil para ter voz e promover algumas ações”. Ou seja, as políticas públicas têm de se adaptar aos novos tempos e às suas novas exigências de modo a que o lugar da política se mostre seguro para os jovens e estes sintam que existe do outro lado um acolhimento e uma empatia.

Sistema de transportes no Algarve coletivos não serve jovens, mas também não serve os mais velhos. A quem servem?!

No Algarve, tal como acontece no resto do país e na generalidade da União Europeia, a tendência mostra o aumento da utilização do automóvel em detrimento do recurso por parte dos cidadãos aos transportes coletivos. Uma circustância que a juntar à escassez da oferta do transporte coletivo é muito pensalizadora tanto para os mais jovens como para os mais velhos que quando apartados deste bem, quer seja por razões financeiras ou de saúde, vêem a sua vida bastante dificultada no que à mobilidade diz respeito.

A pandemia teve um impacto relevante neste crescimento e o setor automóvel  diz-se empenhado numa transição ecológica e digital. Por seu turno, o Tribunal de Contas Europeu já avisou que as metas de redução de emissões de dióxido de carbono só serão atingidas se houver uma maior circulação de automóveis elétricos. De 2018 a 2022 no espaço da União Europeia (UE) cresceu cerca de 60% a aquisição de carros elétricos  e a tecnologia dos carros poluentes vem reduzir a emissão de gases nocivos para a atmosfera. Contudo, muito ainda há a fazer a pensar nos consumidores finais no que diz respeito ao valor de mercado dos automóveis elétricos e à disponibilização dos equipamentos para carregar baterias.

Segundo dados de 2021, indicam que as emissões de CO2 provenientes dos transportes representam quase 23% das emissões de gases com efeitos de estufa na União Europeia. E 56% desse valor provém dos automóveis, sendo que na UE os transportes continuam a ser o único setor económico que não vê baixar o nível de emissões desde 1990.

Especialista diz que é preciso olhar para um Algarve além de si mesmo e ao qual “é preciso dar escala e profundidade territorial”

Ao nosso projeto coube moderar o debate. (Da esq.ª para a dtª) Nuno Almeida e Manuel Tão, investigadores que lançaram dados muito importantes para a discussão

 

Manuel Tão, doutorado em Economia de Transportes pela University of Leeds, no Reino Unido, é investigador e docente na Universidade do Algarve. Convicto que a mobilidade na região mais a sul do país está muito desajustada das necessidades, este especialista frisou que neste caso específico quando o tema dos transportes coletivos é abordado deve sê-lo sempre tendo em conta as regiões do Alentejo e da Andaluzia. Ou seja, num plano de Eurorregião Alentejo, Algarve e Andaluzia. Numa comunicação coloquial e bastante enriquecedora para o debate, foi ouvido atentamente por todos e explicou que é preciso aglutinar territórios e mercados a bem da competitividade económica; significa isto que tem que surgir cada vez mais no pensamento dos decisores públicos um Algarve que precisa de escala e de profundidade territorial. De acordo com Manuel Tão, depois de mais de 30 anos da construção da Ponte Internacional do Guadiana, na localidade de Monte Francisco, Castro Marim, tarda muito a ligação ferroviária entre o Algarve e a Andaluzia. “O Algarve não tem escala e é necessário evoluir para um modelo de território que vá para além de uma região dependente do setor turístico onde vivem permanentemente cerca de 450 mil habitantes e que ao longo de três ou quatro meses [no verão] acolhe uma população que triplica ou até mesmo quadriplica”, alerta. É preciso imaginar um Algarve que contribui para o desenvolvimento da Eurorregião AAA, que não dependa exclusivamente do turismo e que se afirme como ponto de serviços e ligação entre outras regiões. O futuro dos jovens, nomeadamente, poderá estar mais assegurado na região se houver da parte dos governantes uma visão mais sustentável, holística e abrangente do papel central que a região algarvia pode e deve ter no país e Eurorregião AAA.

E remata, o investigador e especialista em transportes, Manuel Tão, dizendo que “sem ligação ferroviária Algarve-Andaluzia e sem ligação ferroviária Algarve-Alentejo, através da reabertura Ourique-Beja, a Eurorregião AAA nunca passará de uma miragem”.

Jovens estão “completamente à nora” sobre como é feito o território que ocupam. Ninguém lhes fala das «novidades»

No entanto, para tal acontecer ainda há muito caminho por fazer. Desde logo no envolvimento da comunidade desde cedo. Beatriz, jovem e assessora para a juventude da câmara municipal de Vila Real de Santo António, é peremtória ao afirmar que os jovens na sua cidade nem sequer têm conhecimento que estão inseridos na «Eurocidade do Guadiana», ou seja, numa figura legal designada por «Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial» que engloba três localidades: Castro Marim, Vila Real de Santo António (Portugal) e Ayamonte (Espanha). “No Fórum da juventude nenhum jovem sabia o que é, afinal, a Eurocidade do Guadiana», contou. Mas tal como Beatriz, os outros jovens raianos também se perguntarão porque é que este tipo de informação de base lhes escapa. O que é a Eurocidade, para que serve, a quem serve e como é possível construí-la num sistema de baixo para cima? “Terá de haver uma mudança de paradigma no que diz respeito à comunicação e envolvimento dos jovens”, defendem os mais novos que querem ser implicados e vistos como parte ativa da construção das suas comunidades. Há um trabalho de proximidade por fazer e que se for realizado tem tudo para provocar uma mudança positiva nestes territórios tão específicos. Os mesmos territórios que ao mesmo tempo que denunciam a sua periferia estão, afinal de contas, muito pouco despertos para a sua centralidade desde logo geográfica;  se tivermos em linha de conta a Eurorregião AAA numa União Europeia que se quer feita de pontes e não de muros. “Fala-se muito de coesão territorial e social, mas depois os jovens não entendem as razões por detrás das políticas porque a comunicação não chega ou porque as políticas não servem”, advogou a assessora para a juventude Beatriz.

O excesso de burocracia e a utilização de uma linguagem inacessível para os jovens são muros considerados intransponíveis e que é preciso derrubar.

Questionados por Ana Paula Burnay, dinamizadora do Europe Direct Algarve, sobre o que os eurodeputados podem fazer mais pelos jovens, estes não têm dúvidas em afirmar que deve ser melhorada (e muito) a comunicação. O excesso de burocracia e a utilização de uma linguagem inacessível para os jovens são muros considerados intransponíveis e que é preciso derrubar, defenderam as várias presenças jovens no debate.

Há que envolver mais os jovens nas decisões, desde logo escutando as suas inquietações. “Sem dúvida que a mudança de chip a este nível promoverá uma maior  participação e fará diminuir a abstenção eleitoral dos jovens”, confirmou o investigador Nuno Almeida.

Cidadãos ativos dão força a movimentos em prol de causas

Cristina Grilo, uma das fundadoras do «Movimento + Ferrovia» falou da importância dos cidadãos se unirem por causas

Cristina Grilo, uma das fundadoras do «Movimento + Ferrovia», descrito como “um movimento de cidadania para a defesa e valorização do caminho-de-ferro do Algarve”, lembrou nesta sessão a importância, mas também a dificuldade quando o tema é a criação de movimentos na sociedade civil. Convicta do importante papel que estes acabam por ter na mobilização das pessoas em prol de causas, lembrou que o ativismo em defesa de mais ferrovia no Algarve começou numa conversa de café entre pessoas que tinham esta convição em comum e que desde 2018 lutam na região para verem cumpridos os seus anseios. Cristina Grilo, explicou em que consiste a luta do movimento e sublinhou que “para servir a mobilidade no Algarve existem três infraestruturas em que nenhuma responde com eficácia. A EN 125, implantada no centro do corredor demográfico litoral, é uma estrada cuja capacidade não basta para a procura existente, senão à custa de morosos constrangimentos que fazem diminuir a atratividade turística e a qualidade de vida dos residentes e visitantes. A Via do Infante tem um traçado excêntrico relativamente aos principais aglomerados e não serve de via de apoio à mobilidade com origem e destino no corredor habitado, mas sim e preferencialmente como via de chegada e de saída do mesmo. A Linha do Algarve atravessa todo este território e faz a ligação entre todos os centros urbanos a Sotavento, no troço entre Faro e Vila Real de Santo António, e a Barlavento, no troço entre Estômbar e Lagos, o que constitui uma mais-valia para a mobilidade intra-região se se concretizasse todo o seu potencial”. Para o «Movimento + Ferrovia», o atual transporte ferroviário “está desajustado face às atuais necessidades de mobilidade da região, prestando um mau serviço às populações, não oferecendo um transporte em comboios modernos e confortáveis e um serviço de qualidade e funcional, de alta frequência, com horários alargados, mais paragens de proximidade e serviços complementares de apoio e de informação condizentes”. Cristina Grilo sublinhou, ainda, que o trabalho em prol de causas é determinante para fazer avançar um desenvolvimento que respeite a vontade da população, lamentando que haja, ainda, pouca união para o ativismo cidadão.

Jovens falaram em nome próprio e colocaram dedo na ferida

António Valentim, jovem vilarrealense deu a sua opinião sobre os temas da sessão e criticou a ausência da maioria das juventudes partidárias

As diversas intervenções dos jovens no auditório da cooperativa Akivida, foram fio condutor e sob o olhar atento do seu responsável, Pedro Rolim, que apelou a que “mais sessões deste género tenham lugar em Vila Real de Santo António”. A verdade é que a esta sessão acederam inúmeros jovens, alguns vindos de longe, e em todas as circunstâncias cancelando outras agendas para participar e mostrar que estão «UNIDOS PELA DEMOCRACIA». Para além da Beatriz, que já referimos,  António, Rodrigo, Lua, Diogo e tantos outros em nome próprio deram a sua opinião crítica; quer sobre o tema «Transportes» quer sobre o fenómeno da abstenção eleitoral. Sem dúvida que o Algarve está completamente desajustado na sua oferta de transporte para os jovens o que faz com que estes muitas vezes só encontrem alternativas para fazer o seu percurso profissional nos grandes centros urbanos do país, como Lisboa e Porto. A jovem Lua, de 14 anos, não teve dúvidas em culpabilizar os governantes não só pelas más políticas públicas de transportes, mas também pelo desajustamento da comunicação quando querem falar para os jovens.

“Está tudo mal”, reforça Lua com um sentimento de frustração porque se considera interessada pela política, mas com muito pouca oportunidade para chegar perto do sistema. Vê acumularem-se junto de si “jovens cada vez mais alheados de como funciona a política e outros a aderir a discursos de extremismo, que funcionam porque trabalham bem a comunicação e conseguem iludir com os seus discursos atrativos, apesar de dizerem muitas mentiras”.
Rodrigo é um apaixonado pela região do Algarve que teve oportunidade de descobrir através de estágio profissional. Apesar de atualmente estar noutros voos profissionais encontra-se a fazer de tudo para conseguir regressar ao Algarve e aqui voltar a ser feliz. “Um jovem no Algarve só consegue orientar-se se tiver carro e era importante que essa realidade mudasse para que jovens como eu tivessem mais oportunidades na região e não desistissem dela”. Rodrigo partilhou a sua experiência enquanto utente da ferrovia. “As carruagens estão velhas e as estações desajustadas”, partilhou, contando que a beleza dos passeios de comboio junto à ria Formosa é muitas vezes ofuscada pelos vidros opacos das carruagens estragadas pelo efeito do tempo e da degradação”; que a falta de manutenção traz consigo.
António, natural de Vila Real de Santo António, lamentou o afastamento a que os jovens têm sido votados nas decisões e recordou a importância dos transportes, nomeadamente, ferroviários em toda a União Europeia. “É preciso uma estratégia para esse desenvolvimento, pois a nossa vida na União Europeia em diversos setores está muito dependente dos transportes”, recordou este jovem que ao mesmo tempo não escondeu a sua desilusão face à pouca adesão dos elementos das juventudes partidárias que apesar de convidados para a sessão em Vila Real de Santo António não se fizeram representar – com excepção do Livre e da Juventude Socialista. Sem querer depositar toda a responsabilidade nos políticos, António, referiu que a ausência das juventudes partidárias é um marco negativo que contribui muito para a abstenção dos mais novos. “Como é que podemos exigir responsabilidadde e participação ao voto se nem os atores políticos dão o exemplo?”, reclamou. Por seu turno, Diogo numa das suas várias intervenções pediu aos governantes que incluam no currículo escolar aulas de literacia política e financeira.
“Faz muita falta percebermos como funciona o sistema democrático português, as suas estruturas, assim como podemos participar nelas”, queixou-se, ao mesmo tempo que pedia que houvesse um ensino mais virado para a literacia que ajudasse os jovens a aprenderem a lidar com as suas finanças de modo a sentirem-se mais preparados para enfrentar a vida real onde fazer contas é imperativo.
PS e LIvre pedem eletrificação da ferrovia e maior apoios nos passes de transportes

João Dias – JS

Kátia Oliveira – Livre

As juventudes partidárias que estiveram presentes tiveram oportunidade de ao longo de três minutos darem o seu melhor para explicarem como olham para o setor dos transportes no Algarve, tendo em conta também a bitola europeia. Tanto Livre como JS mostraram-se preocupados com o estado dos transportes na região, nomeadamente como afeta o ambiente e não consegue fazer cumprir o pacto ecológico europeu. PS e Livre defenderam a urgente eletrificação da linha ferroviária do Algarve, passes mais acessíveis e que englobem todo o tipo de transportes, bem como reivindicam melhorias das estações. Da parte do Livre houve um apelo claro para ao nível dos municípios do Algarve haver um incremento do número de ciclovias com vista à maior utilização da bicicleta.
Especialista em Assuntos Europeus lembra «a derradeira oportunidade para serem feitos os investimentos»
António Covas, especialista em assuntos europeus, e professor jubilado da Universidade do Algarve, esteve presente nesta sessão e disse compreender todas as preocupações dos jovens, mas também aaproveitou a sessão para alertar os governantes políticos. “É preciso estarmos cientes que nesta década atravessamos várias crises; duas guerras, uma pandemia e todas as consequências que daí estão a surgir”, enumerou António Covas, sublinhando que “2030 é a década da grande última oportunidade para se fazerem os investimentos necessários, nomeadamente, no setor dos transportes, na medida em que os fundos estruturais vão terminar e o que não for feito agora dificilmente será feito no futuro”.
Autarquia de VRSA faz pressão sobre entidades
Álvaro Leal, foi o representante político da parte da câmara municipal de Vila Real de Santo António. Com o pelouro da juventude e dos transportes, reiterou a preocupação dos presentes e afiançou que a câmara municipal está atenta às lacunas e faz toda a pressão que lhe é possível junto das entidades competentes. O autarca referiu a importância que o Fórum da Juventude tem como espaço de escuta ativa dos jovens e confirmou que há “sempre muito a fazer para conseguir chegar mais perto das preocupações das novas gerações; uma vez que pretende ser um espaço informal para a discussão e troca de ideias sobre as políticas juvenis do concelho”. O autarca lembrou que está a construção da «Casa da Juventude» que em breve será uma realidade na cidade pombalina.

Álvaro Leal, vereador da juventude e transportes da câmara municipal de VRSA assume a necessidade de debater ambos os temas

Algarve em processo de eletrificação da ferrovia. Metro-Bus avança no estudo do traçado

Recorde-se que linha ferroviária do Algarve está a ser eletrificada, estando prevista a sua finalização em 2025, numa obra estimada em cerca de 65 milhões de euros. Com esta obra os objetivos passam por assegurar “que todo o trajeto na Linha do Algarve possa ser realizado com recurso a material circulante elétrico, com ganhos ambientais e vantagens relativamente à melhoria de qualidade do material circulante, melhorar a mobilidade no arco metropolitano do Algarve e potenciar o sistema ferroviário com condições de operação sem o uso de combustíveis fósseis”, pode ler-se no site oficial da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve.

Entretanto, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDRAlg) “adjudicou o estudo para a proposta de traçado base da ligação em sistema de transporte público em canal dedicado e segregado (TPSP), do tipo metro-bus (BRT), entre Faro-Olhão-Aeroporto-Universidade do Algarve-Parque das Cidades-Loulé, projeto desenvolvido em articulação com os Municípios de Faro, Olhão e Loulé, a Universidade do Algarve, o Aeroporto Internacional – ANA e o Turismo do Algarve”, explicou Catarina Cruz, chefe de divisão da Cooperação Externa e Transfronteiriça da CCDRAlg. A responsável lembrou que este projeto pretende servir uma área do Algarve onde se concentra grande parte da população, mas não exclui a hipótese de o metro-bus vir servir outras localidades.
Perdeu esta sessão? Saiba que tem mais quatro que pode agendar e participar

Ana Paula Burnay, técnica responsável pela dinamização do Europe Direct Algarve

O átrio da cooperativa de educação e formação «Akivida» encheu-se para um debate aceso e profícuo
Depois desta primeira sessão mais quatro se seguirão [ver calendário abaixo], sendo que o próximo vai ter lugar já a 27 de Março em Tavira e vai dedicar-se à «Qualidade de Vida».  A organização lembra que “a democracia europeia é um valor fundamental que todos partilhamos, independentemente da nossa filiação política ou dos nossos pontos de vista. Apoiá-la em conjunto é muito mais fácil do que agir isoladamente. Dezenas de milhares de pessoas de toda a UE estão, atualmente, a juntar-se, dispostas a erguer as suas vozes e a tomar medidas para garantir que trabalhamos no sentido de reforçar este valor fundamental em que assenta o nosso modo de vida europeu”, pode ler-se no projeto About us | Together (europa.eu) e que inspira a iniciativa algarvia. A organização tem previsto, assim, para o Algarve “grandes debates públicos, transversais, à luz das Prioridades para 2019-2024 (europa.eu) , visando os temas/problemas  identificados pelos mais jovens na região”.

Todas as sessões são de entrada livre e vão decorrer sempre as 18h e as 20h [veja na imagem abaixo criada pela jovem Sofia Fragoso]. Acompanhe toda a informação também aqui.

 

 


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