(PODCAST) “As abordagens para o desenvolvimento do território têm de ser muito mais participativas; onde as pessoas tenham mais poder”

Fevereiro 5, 2024
Em Évora, nas instalações do Parque do Alentejo da Ciência e da Tecnologia (PACT), ao longo da entrevista que realizámos a Pedro Dominguinhos, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), poderíamo-nos ter ficado por uma conversa em torno dos milhões [20,6 mil milhões] reservados ao instrumento extraordinário de financiamento da UE; também designado como «Bazuca Europeia» [que tem de ser executado até 2026]. No entanto, fez-nos mais sentido, seguir por um guião onde temas como o combate à desertificação e ao despovoamento do Interior, a participação cidadã no desenho das políticas públicas e investimentos, assim como a coesão territorial, o desenvolvimento local e a cooperação transfronteiriça fossem centrais e que nos permitissem debater o médio/longo prazo. Ou seja, o presente, o futuro e a mudança de paradigmas também trazida pelo PRR.
Entrevista: Susana Helena de Sousa
Fotografias e vídeo: Eduardo Pinto
Falar do Interior do Alentejo e do Algarve é sem dúvida falar mais de resiliência do que recuperação, admite Pedro D. que nos deixa vários alertas sobre a necessidade de implicar mais os atores locais, fomentar as parcerias e escutar as inquietações das gentes que ocupam os territórios. Para isso é preciso “dar poder às pessoas”, cabendo aos ” decisores políticos ter uma “maior noção que fazer desenvolvimento sem o envolvimento dos atores é muito mais difícil”.
Oiça a entrevista na íntegra:
Pedro Dominguinhos enfatiza que a Comissão a que preside – única a nível dos Estados-membros da União Europeia (UE) – é “os olhos e os ouvidos” das pessoas que vai encontrando pelo país. É um «homem de terreno» e  também por isso fala-nos da necessidade de “calçarmos os sapatos dos outros”. Nos relatórios até agora produzidos pela entidade que dirige podemos ler inúmeras recomendações e alertas que norteiam a aplicação do PRR português, nomeadamente, a sua adaptabilidade aos territórios e suas gentes.
Recorde-se que o PRR nacional financiou duas pontes que no Alentejo e Algarve vão fazer ligação entre Portugal e Espanha, mas quando questionado sobre a importância desta cooperação transfronteiriça Pedro Dominguinhos também fez notar que é preciso quebrar alguns muros que historicamente a entropeçam, ao contrário de outras espalhadas pelo mapa da UE e que são espaços de maior desenvolvimento económico e social.
Como não podia deixar de ser, ao longo da nossa entrevista as regiões portuguesas da Eurorregião AAA – ou seja, o Alentejo e o Algarve – estão em destaque. Ao contrário do Alentejo, mais vigorante a esse nível, Pedro Dominguinhos conta-nos que o Algarve tem sido um “desafio, particularmente, relevante”, pelo facto de estar ainda muito dependente do setor turístico. Um diagnóstico possível de ser feito graças às «Agendas Mobilizadoras» do PRR; autênticos consórcios que unem a academia ao tecido empresarial em prol do investimento em I&D, a inovação, a diversificação e a especialização da estrutura produtiva.

 


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